sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Seja Rico de Verdade

O que é riqueza para você? Pode responder que é sua conta bancária, bens, carro, casa e investimentos. Também que sua verdadeira fortuna são seus filhos, familiares, amigos ou dons e talentos. Agora, tenho certeza de que se você soubesse que lhe restam apenas poucos dias de vida, não escolheria passar todo o tempo contando seu dinheiro ou admirando sua bela casa.

Certamente, desejaria estar com as pessoas que ama, fazendo as coisas que gosta e, quem sabe, até realizando alguns sonhos. Então, por que será que, muitas vezes, no dia a dia, esquecemos de aproveitar amplamente toda a nossa fortuna?

Na opinião de Dieter Kelber, diretor-executivo do Instituto Avançado de Desenvolvimento Intelectual (Insadi), isso acontece com algumas pessoas porque elas estão determinadas a terem mais dinheiro e esquecem de todo o restante. “Acredito que o prejuízo maior, quando nos dedicamos com tamanha intensidade à questão de ganhar dinheiro, é perder a visão do todo e deixar de usufruir outros aspectos da vida, como a família, lazer, atividade social ou um desenvolvimento profissional saudável”, explica.

Não pense que o objetivo desta matéria é convencer você de que dinheiro é algo ruim ou discutir se a felicidade é determinada pela quantidade de bens materiais que as pessoas têm. Não é nada disso, afinal, vivemos em uma sociedade na qual precisamos de dinheiro, e é óbvio que ter uma vida financeira saudável traz muitos benefícios para qualquer pessoa. Então, o que se pretende é chamar atenção para a importância de não medir sua riqueza em função apenas do dinheiro, mas de todas as suas conquistas e para que você direcione seus esforços em todos os aspectos de sua vida.

Equilíbrio para viver melhor
Ter dinheiro não é algo ruim, pelo contrário, costuma trazer muitos benefícios. O problema é o que se faz ou se deixa de fazer para obtê-lo – aceitar um trabalho que não gosta, mas que oferece um salário maior ou, por exemplo, passar muitas horas trabalhando e deixar de lado a família, amigos e relacionamentos.

O professor Luiz Gonzaga Leite, chefe do departamento de psicologia do Hospital Santa Paula, de São Paulo, SP, diz que, para evitar esses prejuízos, é necessário buscar o equilíbrio. “Freud, na Teoria da psicanálise, fala do princípio da realidade e do prazer, pois ambos fazem parte da vida e se complementam. 

Ter contato com a realidade, trabalhar e enfrentar o dia a dia é saudável, apesar de todas as dificuldades que se possam ter. Por outro lado, o princípio do prazer fala do contraponto psíquico necessário para o equilíbrio, ou seja, ao fato de ter um tempo para descansar, refletir sobre si mesmo e estar com as pessoas que ama. A sabedoria está justamente na busca pelo equilíbrio”, afirma.

O que fazer para equilibrar essa balança da vida? “É necessário investir em nosso autoconhecimento e procurar fazer atividades que estejam alinhadas a nossas motivações internas. Quando se vive num estado de felicidade, seja pessoal ou no trabalho, é maior a possibilidade de compartilhá-lo com os outros, distribuindo e multiplicando alegria. Ao fazermos isso, acabamos realimentando nossa felicidade e nos tornando ainda mais felizes”, diz.

Este é o conselho de Dieter: levar a vida com alegria. Na opinião de Roberto Adami Tranjan, as pessoas precisam aprender a construir a metariqueza. O termo é abordado em seu livro Rico de verdade, da editora Gente, e significa a riqueza em todas as suas esferas: material, social, psicológica e espiritual. “É a riqueza que, sobretudo, tem o poder de nos tornar seres humanos melhores”, explica. Não é uma tarefa fácil, mas, segundo o especialista, é possível sim desenvolver a metariqueza. Para isso, é necessário se livrar de três vícios que as pessoas em geral têm e que acabam sabotando sua prosperidade: desatenção, desalinhamento e desesperança. Os antídotos para esses vícios são exatamente estas virtudes: atenção, integridade e entrega.

Roberto acredita que por meio dessas virtudes podemos criar e gerar a metariqueza. No livro, ele explica como desenvolvê-las. Confira, a seguir, o que você pode fazer em seu dia a dia para ampliar suas virtudes e veja o que é possível realizar para ter uma prosperidade mais ampla em sua vida.

A virtude da atenção
Você já percebeu que, às vezes, está realizando uma tarefa e seu pensamento está muito longe? Isso pode ser bastante prejudicial para a criação de riquezas, afinal, a atenção determina seus pensamentos, e eles, por sua vez, direcionam suas ações. Por isso, o autor recomenda que você viva de maneira mais atenta, ou seja, que se empenhe de verdade no que estiver fazendo e aplique isso em todas as suas ações, independentemente de estar produzindo um relatório, atendendo um cliente, conversando com um colega ou lendo um livro.

Outro ponto importante é dar atenção aos resultados que suas atividades geram. Isso significa que se você desenvolve um produto novo, por exemplo, sua realização deve surgir a partir da satisfação de quem for usá-lo. Para agir dessa forma, defina o que é essencial em seu trabalho e vida e volte sua atenção a isso. Depois, faça com que suas ações sempre visem esse tipo de realização. Roberto explica que a virtude da atenção exige que você se proponha a ter as disciplinas da concentração e superação.
  • A disciplina da concentração – Significa que é preciso ter foco para direcionar a atenção ao que é vital. Descubra o que é realmente essencial e comece a priorizar as atividades de seu dia a dia, fazendo o que é importante e descartando o que é secundário. Que tal criar uma lista do que é fundamental? Coloque todas as tarefas diárias num papel e, ao lado de cada uma, escreva se realmente precisam ser feitas, se podem ser desenvolvidas por outra pessoa, se estão alinhadas ao que é mesmo importante e se apenas você pode realizá-las. Depois de ter essa lista pronta, pergunte-se o que você deveria fazer, mas que não está entre suas atividades. Não preciso dizer, porém faço questão de frisar, que inclua essas tarefas em sua rotina diária.
  • A disciplina da superação – Consiste em buscar a evolução como uma capacidade humana. Essa é a disciplina da excelência e indica que hoje você deve fazer melhor que ontem e, amanhã, melhor que hoje. Roberto enfatiza que não se deve confundir excelência com perfeccionismo: “Buscar a perfeição pode ser um problema, em vez de solução. Excelência é estar inteiro, de corpo, mente e alma no que é preciso ser feito, é oferecer aquele ‘algo a mais’ que faz toda a diferença”. Ser excelente tem muito a ver com estar apaixonado pelo que se faz, mas a disciplina da superação deixa claro que também é necessário aprender a gostar daquilo que tem de ser feito.
A virtude da integridade
Para compreendê-la, Roberto faz a seguinte pergunta em seu livro: “Quem é você quando ninguém está olhando?”. O autor explica que é comum construirmos uma criatura, alguém que representamos e que não é exatamente nossa essência. As pessoas que fazem isso sofrem com a angústia de aparentarem algo que não são. Para agir de acordo com o que realmente somos, precisamos alinhar nossos comportamentos aos pensamentos e sentimentos. Segundo Roberto, essa é a forma de viver a virtude da integridade. “Ter integridade significa ser de maneira completa, integral, indivisível. A pessoa define o que é certo e age de acordo com isso, mesmo que não haja ninguém por perto”, comenta.

Achou difícil seguir esse conselho? Então, veja como desenvolver as disciplinas da coerência e consistência para ter a virtude da integridade.
  • Disciplina da coerência – O desalinhamento entre pensamento e ação pode gerar a entrada da moeda ruim, ferindo a Lei de Gresham. Roberto conta em seu livro que sir Thomas Gresham fundou a bolsa de valores de Londres e ficou famoso por dizer que “moeda ruim expulsa moeda boa”. Isso significa que quando nosso dinheiro vem de ganhos questionáveis, imorais ou ilegais, fechamos as portas para as moedas do bem. A Lei de Gresham aconselha que procuremos o dinheiro bom, como a venda de um produto que não visa apenas gerar ganhos para você, mas considera a satisfação duradoura e atende plenamente a necessidade de quem o compra. Outra questão de coerência é alinhar a satisfação financeira com trabalhos que estejam adequados aos seus propósitos, valores e crenças.
  • Disciplina da consistência – É a importância de cuidar dos relacionamentos, tornando nossas relações mais ricas, sejam na família, equipe ou empresa. Ser consistente nos relacionamentos, ou seja, manter contato com as pessoas periodicamente, e não só quando é estritamente necessário, gera confiança. Isso ajuda a conhecer mais aqueles com quem convivemos, seus sentimentos, pensamentos e rotinas. Também é preciso respeitar mais as pessoas, aceitando suas diferenças e particularidades. A disciplina da consistência é fundamental para a metariqueza, pois ajuda a conhecer e reconhecer nossos pontos fracos e fortes e a respeitar mais os outros, gerando relacionamentos melhores.
A virtude da entrega
A capacidade de oferecer sempre o melhor nas relações, no trabalho e em tudo o que realizamos faz com que experimentemos o que realmente desejamos ser. “Quando vivemos nossa essência, a natureza humana nos leva a ser atenciosos, verdadeiros e generosos. Isso sugere e induz ao comprometimento”, diz Roberto.

Ao fazer o “algo a mais” e ir além do que é esperado, você se torna capaz de oferecer o que tem de melhor. Assim, é possível descobrir quais são suas verdadeiras aptidões e encontrar outras possibilidades e talentos. Para viver a virtude da entrega, é necessário praticar as disciplinas da contribuição e retribuição.
  • Disciplina da contribuição – É possível contribuir ajudando quem precisa com carinho, atenção e dedicação. Você pode oferecer ajuda, pedir perdão e contribuir com seu trabalho. Quando pensar em sua profissão, procure enxergá-la como sendo algo nobre e grandioso, que serve a algo ou a alguém, e não que são distintos apenas os grandes projetos ou empreendimentos, pois todas as pequenas tarefas também são importantes. Roberto sugere que você consiga ver o vínculo entre os serviços diários simples e o grande objetivo que eles vão concretizar. Independentemente de seu cargo – recepcionista, vendedor, gerente ou presidente – , ele é fundamental para que toda a empresa funcione. Então, desempenhe seu trabalho sabendo de sua importância e contribua para a construção de um grande negócio. “A disciplina da contribuição visa à geração de riquezas e à construção de um mundo melhor. É claro que esse universo inclui a nós e aos que nos cercam”, afirma o autor.
  • Disciplina da retribuição – De nada adianta você ter um grande talento se ele ficar guardado. Para desenvolver um excelente trabalho, por exemplo, é preciso usá-lo. O que você receberá se fizer isso? Sucesso, reconhecimento e negócios. Também é comum ajudarmos alguém e recebermos gratidão, além de outras recompensas que nem mesmo esperamos – essa é a lógica da disciplina da retribuição. “Fazemos parte de uma grande rede. Quando menos esperamos, somos apresentados a uma pessoa, oportunidade, lugar ou empresa que mudará nossa vida. Estamos interconectados. Assim como somos ajudados, também prestamos ajuda e, muitas vezes, sem perceber, devido à naturalidade do gesto”, comenta.

Felicidade Interna Bruta (FIB)
Você, com toda certeza, já ouviu falar no Produto Interno Bruto (PIB), afinal, é um indicador muito utilizado na macroeconomia para mensurar a atividade econômica de uma região. Mas você sabe o que é o FIB? É um índice utilizado para medir o progresso de Butão, um país do alto Himalaia localizado entre a Índia e o Tibet. O conceito foi criado em 1972 pelo então rei de Butão, Jigme Singye Wangchuck, para substituir o PIB. O FIB contempla nove dimensões:
  1. Bom padrão financeiro de vida.
  2. Boa governança.
  3. Educação de qualidade.
  4. Saúde.
  5. Vitalidade comunitária.
  6. Proteção ambiental.
  7. Acesso à cultura.
  8. Gerenciamento equilibrado do tempo.
  9. Bem-estar psicológico.
O Butão, cuja população se considera a mais feliz do planeta, tem inspirado outras nações. No Brasil, assim como em todo o mundo, o conceito está sendo amplamente divulgado e, até mesmo, sendo utilizado por cidades, empresas e organizações. A Icatu Hartford, que atua no ramo de seguros, passou a usar o conceito do FIB no ano passado, tanto para direcionar suas atividades com os clientes como com os funcionários.

“Buscamos o FIB como um exemplo de que as pessoas devem assumir a responsabilidade por seu futuro, pois os pilares desse conceito têm muito a ver com os valores que sempre tivemos”, conta Aura Ribeiro, diretora de marketing da companhia. A Icatu Hartford criou sites, campanhas publicitárias e ações internas para promover os princípios da FIB. Dessa forma, tem estimulado seus consumidores, funcionários e parceiros a viverem uma vida mais ampla.


Karen Jardzwski é jornalista com pós-graduação em marketing. Durante três anos, foi editora da revista Motivação e, atualmente, gerencia o projeto Treinamentos VendaMais. 
E-mail: karen@editoraquantum.com.br

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