Todo profissional espera ser reconhecido pelos resultados que alcança. Cabe ao líder incentivar o profissional a alcançar e a superar suas metas. Qual a forma adequada??
Recentemente, uma entrevista na revista Exame me chamou a atenção. Fiquei horrorizado com a maneira que o americano David Novak, presidente da rede Yum!, dona da Pizza Hut, usa para incentivar e motivar seus empregados. Chamado pela publicação de Silvio Santos do fast food, anda com o bolso cheio de dinheiro e a cada oportunidade dá uma nota de 100 dólares para premiar seu funcionário.
Isso, na verdade, é corrupção. É levar o funcionário humilde à situação de pedinte, que faz tudo para ganhar um trocadinho. Afinal, estamos diante de empregados, funcionários e colaboradores ou de feras domesticadas que se apresentam no circo, que se fizeram corretamente o que o domador ensinou, ganha um amendoim?
Não é isso que motiva um funcionário e sim o respeito, o reconhecimento ao seu trabalho, ao seu desempenho. O famoso agrado está lá no finalzinho da lista. Não seja um empregador que mais se parece com um domador de feras e, sim, um motivador.
Uma pesquisa feita pela Cia de Talentos no Brasil, na Argentina e no México revela que os principais motivos de escolha da empresa dos sonhos pela geração Y são: bom ambiente de trabalho, desenvolvimento e crescimento profissional. O fator remuneração só foi citado por apenas 5% dos 35 mil jovens entrevistados, com idade média de 24 anos.
Ou seja, mais do que um ótimo salário, as pessoas querem ser relevantes, reconhecidas. Salário é um prêmio ao seu esforço e dedicação, aos resultados alcançados. Para isso, o líder precisa entender que o caminho não é "comprar" o funcionário com migalhas. Que exemplo Novak pensa dar ao distribuir gorjetas entre os empregados, frangos de borracha, dentaduras de plástico e outras aberrações como essas de brinde?
A matéria da revista diz que o executivo tem uma obsessão por reconhecer o desempenho dos melhores funcionários. Será mesmo? Não consigo imaginar que o uso de métodos nada convencionais como esses sejam realmente eficazes. Todo mundo quer ganhar dinheiro, mas não é a principal meta. Quem dirá, então, trocados como recompensa ao seu bom trabalho.
Não é à toa que passada a crise, as pessoas estão ávidas por trocar de emprego. Um estudo do Hay Group, realizado com 120 mil pessoas, aponta que 59% dos profissionais buscam uma nova colocação. Esse cenário não é só resultado de salários congelados, mas também de promoções adiadas para evitar demissões durante a crise.
Se antes os funcionários eram gratos por terem seus empregos mantidos, diante do reaquecimento do mercado começam a mostrar o quanto tiveram de sucumbir. Prova disso é que repensam suas perspectivas de carreira, o que pode ser muito ruim para organizações que não conseguiram tomar as medidas necessárias para implementar programas eficazes de engajamento durante os tempos difíceis.
Agora, sejam sinceros: seu talento merece ser recompensado com notas de míseros 100 dólares?
Por Julio Sergio Cardozo é conferencista, consultor de empresas e professor livre-docente de controladoria & finanças. Leciona no Programa de Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ e em cursos de MBA como professor convidado em diversos programas no país. Contador e Administrador, obteve o título de livre-docência pela UERJ com a defesa da tese: “A Inadequação dos Pareceres de Auditoria”. Participou, como orientador, presidente ou membro, em mais 80 bancas examinadoras de dissertações de mestrado e teses de doutorado na UERJ, Fundação Getulio Vargas, IBMEC e Universidade de São Paulo – USP.
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