Guru americano diz que as pessoas são tão aptas a poupar para a aposentadoria quanto para pilotar um avião e ensina o caminho da longevidade tranquila
São Paulo - William Bernstein é um dos maiores gurus de investimentos pessoais dos Estados Unidos. Já publicou diversos livros de bastante sucesso entre investidores que planejam gerenciar seus próprios portfólios ao invés de entregar a tomada de decisão a um gestor profissional. Defensor da teoria do portfólio moderno, ele não acredita que os gestores com melhor reputação no mercado são capazes de prever quais investimentos terão rentabilidade acima da média.
Em entrevista à revista Bloomberg Businessweek, Bernstein falou sobre o jeito de certo de poupar para a aposentadoria e alertou que as pessoas físicas que decidem investir na bolsa tampouco são capazes de encontrar as ações subvalorizadas. "Eu acredito que a maioria das pessoas é tão capaz de gerir um portfólio para a aposentadoria quanto para pilotar um avião", disse ele.
Bernstein aconselha a quem quer investir em renda variável que compre fundos de índices de ações, como os ETFs. No Brasil, o mais negociado é o BOVA11, da BlackRock. Esse fundo com quotas negociadas na BM&FBovespa via home broker praticamente segue o comportamento do Ibovespa. A vantagem sobre qualquer outro fundo são as taxas bem mais baixas que a média do mercado para aplicações em ações ( clique aqui e saiba como investir em ETFs).
Caso o investidor não tenha nem queira abrir uma conta em alguma corretora, a melhor opção seria investir em fundos passivos de ações - aqueles que seguem algum índice. No Brasil, o produto mais comum é de fundos que seguem o Ibovespa ou o IBR-X. Em ambos os casos, o gestor do fundo simplesmente usa o dinheiro dos quotistas para replicar a carteira de ações inclusa nesses índices.
A grande vantagem dos fundos passivos são as taxas menores. Bernstein avalia que, no longo prazo, o investidor também não tem muito a perder ao abrir mão da possibilidade de bater a média do mercado oferecida por um fundo ativo, em que o gestor compra apenas as ações que acredita que terão boa valorização. "Performance vai e vem. Mas as despesas com o investimento são para sempre."
Outra dica do guru para os investidores é não acreditar que pode tolerar muito risco na bolsa. O sucesso de um investidor no longo prazo, segundo ele, depende menos do que ele faz quando os mercados passam por dias ordinários e mais das decisões tomadas em tempos de turbulência.
A melhor opção seria permanecer com uma pequena fatia de seu dinheiro investido em ações. Esse percentual só deve ser elevado em momentos de sangue no mercado, quando haverá ações de empresas sólidas a preços bem interessantes. "Tudo que alguém precisa é de uma mistura de fundos de ações e títulos de dívida de boa qualidade, tendo o cuidado de escolher aplicações que cobrem taxas baixas."
Bernstein também criou uma técnica para a chegada do momento da aposentadoria que se baseia no princípio de queimar as reservas aos poucos. Se alguém aposentar-se aos 60 anos e gastar anualmente 2% do que acumulou, pode ficar tranqüilo que não faltará dinheiro até o final da vida. Se os gastos alcançarem 3%, provavelmente também estará a salvo. Caso o percentual chegue a 4%, há riscos reais de faltar dinheiro na velhice. E com 5%, a longevidade seguramente trará problemas. No caso de alguém que já tenha 70 anos, como a expectativa de vida extra será menor, é possível acrescentar de 1 a 1,5 ponto percentual a todos esses números.
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