quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A História do Inventor do Hotmail

“Em pouco mais de dois anos, ele criou uma das empresas de mídia de maior sucesso...”

O vale do Silício produz histórias fantásticas de indivíduos que se tornam milionários da noite para o dia e que inspiram jovens empreendedores a ir para lá e tentar entrar como “penetra na festa”. Entre eles estão milhares de indianos em busca do sonho americano versão século 21. Eis aqui a história de um deles, que conseguiu “chegar lá”. Sabeer Bhatia desembarcou no Aeroporto Internacional de Los Angeles às 18 horas do dia 23 de setembro de 1988. A viagem de Bangalore, na Índia, até ali durara 22 horas, e ele estava faminto. O Instituto de Tecnologia da Califórnia tinha lhe oferecido uma bolsa de estudos. Bhatia tinha 19 anos e 400 dólares no bolso, e não conhecia ninguém nos Estados Unidos.
 
Bhatia pretendia concluir os estudos e voltar para trabalhar em seu país, provavelmente como engenheiro. Estava trilhando o modesto caminho traçado pela mãe, gerente de banco, e pelo pai, diretor administrativo de uma organização de pesquisa filiada ao |Ministério da Defesa. Como a Índia é um país burocrático ao extremo, garotos como Bhatia crescem acreditando que é impossível criar uma empresa, a menos que seja um superhomem. Quatro anos depois, já na pósgraduação em Stanford, Bhatia começou a freqüentar na  hora do almoço palestras em que ouvia empresários como Scott McNealy, da Sun Microsystems, e Steve  Wozniak, da Apple. A mensagem era sempre a mesma: Vocês também podem conseguir. Bhatia ficou com a
impressão de que aqueles eram homens inteligentes, porém comuns.


Depois de se formar, não quis voltar para casa. Com o amigo Jack Smith, conseguiu um emprego na Apple  Computer como engenheiro de hardware. Em pouco tempo estava freqüentando coquetéis promovidos por  um grupo de empresários indianos do Vale do Silício, onde conheceu conterrâneos mais velhos, todos  bemsucedidos. Mais uma vez, eles pareciam tão comuns!

Idéias, idéias
Todas as manhãs, Bhatia contava a Smith mais um caso de alguém que transformara uma boa idéia em uma  empresa, para depois vendê-la por milhões. “Jack”, dizia ele, “o que estamos fazendo aqui, desperdiçando  nossas vidas?” Embora Smith tivesse mulher e dois filhos, Bhatia acabou por vencêlo pelo cansaço: “Jack, se  não conseguirmos, com as enormes oportunidades que existem aqui, somos um fracasso total.” Fizeram um  acordo: Bhatia seria o administrador da empresa; Smith, o arquiteto da tecnologia do empreendimento a ser  criado. Bhatia e Smith empenharam sua criatividade na produção de idéias. Queriam trocar emails, mas  temiam que seus chefes pudessem ver as mensagens e acusálos de trabalhar em projetos pessoais, Um dia,  em dezembros de 1995, Smith voltava para casa, quando teve uma idéia: contas grátis de email que  poderiam ser acessadas anonimamente pela Internet.
 
Do celular do carro, ligou para o amigo. Bhatia ouviu a primeira frase e disse: “Desligue esse celular e me  ligue de uma linha segura quando chegar em casa!” Quando Smith telefonou para Bhatia 15 minutos depois,  discutiram em total sincronia cada um dos detalhes. Bhatia passou a noite em claro, debruçado sobre o  tampo de vidro da mesa de jantar de seu pequeno apartamento, escrevendo o plano de negócios. Na manhã  seguinte, estava tão cansado que seu chefe aconselhou: “Precisa acabar com essas noitadas, Sabeer.” Bhatia  – com medo de que a idéia saltasse de sua boca assim que ele a abrisse – apenas assentiu com a cabeça. Eles precisavam de 300 mil dólares para criar uma versão operacional do programas de email. Bhatia foi bater às portas de 10 empresas de capital de risco – que financiam empresários em troca de participação  acionária, levando o plano de negócios, além de outro projeto que previa a formação de um banco de dados pessoais na rede. Tudo em vão.
 
Foi quando conheceu Steve Jurvetson, da Draper Fisher Jurvetson, que se mostrou interessado – porém cético – quanto às estimativas de receita apresentadas por Bhatia, prevendo que a companhia de email cresceria a uma velocidade jamais vista na história. Jurvetson descartou de imediato as projeções, mas Bhatia insistiu? “Não acredita que vamos fazer isso?” Pelo adiantamento de 300 mil dólares, o investidor queria uma participação de 30%. Bhatia ofereceu 15%. As negociações pareciam não estar progredindo, mas no dia seguinte a Draper Fisher Jurvetson aceitou os 15% oferecidos.

Início das Operações
Bhatia e Smith deixaram o emprego na Apple Computer e abriram um minúsculo escritório em Fremont,  Califórnia. Bhatia convenceu 15 empregados a trabalhar em troca de opções de compra de ações da  empresa no futuro, a um valor prefixado. Em junho, o dinheiro estava acabando, mas o produto estaria pronto para ser lançado em um mês. Outro investidor, Doug Carlisle, mostrou interesse no negócio, mas Bhatia sabia que, se ele e Smith lançassem o produto antes, deteriam maior controle sobre a empresa que  haviam criado. Assim, conseguiram um empréstimo bancário de 100 mil dólares.
 
O Lançamento
Em 4 de julho de 1996 – Dia da Independência dos EUA – Bhatia e Smith lançaram a empresa, chamada Hotmail. Era uma data apropriada, pois acreditavam que email grátis era uma excelente ferramenta popular. Naquela época, quase todos os proprietários de computador tinham email, mas com o Hotmail não era nem preciso ter computador – bastava se conectar de um McDonald’s em Praga ou de um café em Taipei, por exemplo. Na manhã do lançamento, Bhatia e Smith carregavam seu pagers programados para exibir a cada hora o número de novos assinantes. Os primeiros usuários descobriram o Hotmail sozinhos, e então enviaram  emails aos amigos: 100 usuários na primeira hora, 200 na Segunda, 250 na terceira. A idéia era tão atraente que 80% daqueles que se inscreveram no Hotmail disseram que tomaram conhecimento do serviço  por meio de um amigo. O Hotmail introduziu o conceito de “marketing viral”, em que cada mensagem enviada por uma conta era, na realidade, um anúncio do serviço ao destinatário.
 
Quando Bhatia procurou Doug Carlisle para dizer “agora precisamos do seu dinheiro”, a empresa já tinha 100 mil assinantes e estava avaliada em 18 milhões de dólares. O Hotmail começou a enviar notícias e outros conteúdos da Internet para as caixas de correio dos assinantes. Isso não era novidade, mas a forma como o dinheiro jorrava, sim. Os sites que forneciam o conteúdo queriam receber pelas notícias. Bhatia, porém,  achou que os sites deviam pagar ao Hotmail pelo privilégio de Ter seus conteúdos circulando. 

Surpreendentemente eles concordaram, e logo o Hotmail estava crescendo tão rápido que alguns provedores de conteúdo não conseguiam lidar com o tráfego gerado pelo serviço. Todas as manhãs, Jack Smith vasculhava a Internet em busca de sinais de concorrentes. Passaramse seis meses até surgir o primeiro. Em dezembro de 1997, Bhatia e seu amigo Scott Weiss foram a um restaurante chinês em Palo Alto, Califórnia,  assistir a uma palestra de Jerry Yang, cofundador do Yahoo!. Yang falou sobre o que passou a ser conhecido em estratégia de Internet como a “vantagem do pioneiro”, referindose aos benefícios inestimáveis de ser o centro da atenções durante algum tempo. Yang contou que a Yahoo! Havia obtido uma vantagem de largada de três meses até a aparição do primeiro concorrente. Essa vantagem, afirmou, foi determinante para que o Yahoo! Seja até hoje, o número um entre os mecanismos de busca da Internet. Os olhos de Bhatia quase saltam das órbitas quando se deu conta do que aquilo significava.

Preocupava-se com freqüência com a possibilidade de o Hotmail ser copiado. Tinha ainda 25 empregados, uma operação minúscula. Na época em que tentavam vender a idéia do Hotmail aos capitalistas de risco, a objeção que Bhatia sempre ouvia era: “O que vai impedir a Microsoft de copiar esse conceito e engolir vocês?” Enquanto estavam desenvolvendo o sistema, os amigos balançavam a cabeça e sorriam ironicamente pela mesma razão? “É como pedalar um triciclo à frente de uma carreta de 18 rodas.” Enquanto Jerry Yang falava, Bhatia disse para Scott Weiss: “Temos uma vantagem de seis meses no mercado. Vamos derrotar esses caras.” “No momento em que a Microsoft abriu os olhos”. Bhatia contou depois a um repórter, “tínhamos 6 milhões de usuários.”
 
Oferta Irrecusável
Quando quis comprar o Hotmail no outono de 1997, a Microsoft apresentou um pelotão de choque. Executivos da empresa, seis de uma vez, vieram de Redmond, Washington, e sentaram-se na sala de reuniões dos advogados do Hotmail. Ofereceram a Bhatia uma soma que lhe permitiria embolsar dezenas de milhões de dólares. Ele recusou, e os executivos saíram irritadíssimos. Uma semana depois estavam de volta,  e todas as semanas desde então, por dois meses seguidos. Pediram que Bhatia fosse a Redmond para conversar com Bill Gates, fundador da Microsoft. Na entrevista, Gates começou a fazer perguntas. “Mas eram perguntas normais de estratégia”, conta Bhatia. “As mesmas que os investidores tinham feito o tempo  todo.

E de repente percebi que Bill Gates não é um superhomem. É de carne e osso, como eu.” Com essa percepção, Bhatia relaxou, recuperando a confiança. O indiano fez uma pesquisa informal entre seus investidores para ver que oferta poderiam esperar. A cifra de Doug Carlisle, 200 milhões de dólares, era a mais baixa. Em particular, Bhatia dissera em tom de brincadeira que queria um bilhão de dólares. Ele contestou a estimativa de Carlisle: Você não acredita que possamos conseguir mais?
 
Carlisle riu e respondeu: Se você conseguir chegar à minha cifra, vou mandar fazer uma escultura sua de bronze, em tamanho natural, e colocála na recepção do meu escritório. Bhatia voltou à Microsoft com uma proposta de meio bilhão de dólares. “Você está louco!”, gritaram os negociadores. A tensão crescia enquanto a Microsoft ia colocando mais dinheiro na mesa: 200 milhões. Duzentos e cinqüenta. Trezentos. Carlisle então disse: “Chegou a hora da estátua!” Bhatia, que recebera sinal verde do conselho de administração e da diretoria para negociar pessoalmente o acordo, mantevese firme. Quando os negociadores ofereceram cerca de 350 milhões de dólares, a maioria dos executivos mostrou favorável a aceitar. “Dizer não àquela oferta foi a atitude mais apavorante que tomei”, revela Bhatia. “Todos me disseram: “A culpa será sua se não der certo.”

No último dia de 1997, um acordo foi anunciado. O Hotmail havia sido negociado por 2.769.148 ações da Microsoft, na época valendo a quantia de 400 milhões de dólares. Lucro certo Doug Carlisle manteve a palavra em relação à estátua. Encomendou um busto a um artista de Los Angeles, mais Bhatia recusou  porque sua mãe desaprovou – disse que, na Índia, só grandes homens, como Gandhi, recebiam tal homenagem. Bhatia continuou como o principal executivo da empresa depois que ela se tornou uma subdivisão da Web Essentials da Microsoft. A essa altura, o Hotmail tinha 144 empregados. Apenas oito meses após o anúncio do acordo, os 400 milhões de dólares pagos pela Microsoft pareciam uma pechincha, especialmente se levando em conta que a base de usuários do Hotmail havia mais do que dobrado desde a
venda da empresa. Com 22 milhões de contas de email ativas, a empresa estava atraindo 125 mil novos usuários por dia. Bhatia havia desenvolvido a base de usuários do Hotmail mais rápido do que qualquer outra empresa de mídia na história – mais rápido do que a CNN e a América Online. Hoje, o Hotmail possui 67 milhões de usuários (destes 1,2 milhão é de brasileiros). “Em retrospecto”, diz Steve Jurvetson, “tenho dúvidas se o número certo não teria sido um bilhão de dólares.”
 
Afinal, Bhatia tem sorte ou é genial? Ele se recusa a atribuir o mérito a outro fator que não a cultura do  próprio Vale: “Só no Vale do Silício dois sujeitos de 27 anos poderiam conseguir 300 mil dólares de homens  que tinham acabado de conhecer. Dois sujeitos de 27 anos sem nenhuma experiência em produtos de consumo, que nunca tinham fundado uma empresa nem gerenciado ninguém, sem experiência alguma, nem  mesmo em software. Tudo o que tínhamos era a idéia.”


*Obs: Este conteúdo foi extraído de através de pesquisas aleatórias da internet, não foi encontrado o autor do texto, nem tão pouco a certeza sobre a verdade nessa história, mas que de qualquer maneira inspira à todos nós empreendedores. - Samuel Ribeiro

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