quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Peça Demissão e Fuja da Jaula


Tenho me dado conta de que a maior parte das organizações nas quais trabalhamos, vivemos, aprendemos, nos socializamos e nos divertimos pode ser comparada aos zoológicos. Só que, nelas, em vez dos bichos, nós, humanos, é que vivemos como as espécies enjauladas. O zôo podia fazer sentido na época em que foi concebido por aristocratas europeus há quase 200 anos. Naqueles tempos, a única possibilidade de ver a imagem do que seria um majestoso leão, por exemplo, era na jaula, ainda que triste e degradado por um cativeiro perpétuo.
Afinal ainda não tinha sido inventada sequer a fotografia. Hoje vivemos em um mundo com abundância de informações visuais. Os documentários da TV e vídeos na internet são corriqueiros. As viagens se tornaram mais acessíveis para apaixonados por ver espécies selvagens no próprio meio ambiente. Operadoras de turismo oferecem pacotes com visitas a Tenho me dado conta de que a maior parte das organizações nas quais trabalhamos, vivemos, aprendemos, nos socializamos e nos divertimos pode ser comparada aos zoológicos. Só que, nelas, em vez dos bichos, nós, humanos, é que vivemos como as espécies enjauladas. O zôo podia fazer sentido na época em que foi concebido por aristocratas europeus há quase 200 anos. Naqueles tempos, a única possibilidade de ver a imagem do que seria um majestoso leão, por exemplo, era na jaula, ainda que triste e degradado por um cativeiro perpétuo.
Afinal ainda não tinha sido inventada sequer a fotografia. Hoje vivemos em um mundo com abundância de informações visuais. Os documentários da TV e vídeos na internet são corriqueiros. As viagens se tornaram mais acessíveis para apaixonados por ver espécies selvagens no próprio meio ambiente. Operadoras de turismo oferecem pacotes com visitas a parques e reservas naturais. O zôo é hoje ilógico. Caminha na direção do museu das instituições e organizações humanas ultrapassadas, como a escravidão, a monarquia e o castelo feudal.
Estamos vivendo uma espécie de grande guerra do novo mundo digital contra o velho mundo pós-industrial. E nessa disputa as organizações antigas devem se reinventar, ou ficarão ultrapassadas como os zoológicos. Uma pesquisa feita por uma das mais famosas empresas de consultoria, a McKinsey, compreendendo as mil maiores empresas americanas nos últimos 40 anos, sugere que, quanto mais antiga uma companhia, menor é sua capacidade competitiva e de desempenho em relação ao mercado. Uma pesquisa similar feita na Coréia do Sul mostra que das cem maiores empresas em 1955 apenas sete ainda estavam na lista de 2004. A realidade das organizações governamentais – do Executivo, do Legislativo ou do Judiciário – se revela ainda mais desanimadora. A cultura do setor público é a mais refratária ao desafio da mudança e da reinvenção, e isso torna essas organizações um fardo custoso e de resultados frustrantes. Como em um zôo, os funcionários se sentem enjaulados, sem espaço para desenvolver seu potencial criativo e sem liberdade para interagir com os outros.
A partir dos anos 80, várias empresas começaram a dar respostas ao desafio da criação de novos tipos de organização. Dessas experimentações, o melhor exemplo são as empresas da Nova Economia, como Google, Microsoft, Apple, HP e Cisco. Essas empresas compreenderam, de forma pioneira, que uma organização contemporânea da internet tem duas características cruciais: primeiro, deve ser uma rede de pessoas operando como se fosse uma orquestra, e não um organograma burocrático. Além disso, é vital lutar para atrair os melhores talentos do mercado. Esses talentos conectados permitem que a organização faça mais com menos. Com mais qualidade e usando menos recursos físicos e naturais.
Por que seguir se vendendo em troca de estabilidade e segurança em empresas antiquadas?
Independentemente do tamanho, qualquer empresa pode deixar de ser um zôo e virar um grande local de trabalho, mas tem de acertar o passo e inovar na direção correta: pessoas em rede, como uma orquestra, atraindo talentos. Isso é o que sustenta o Great Place to Work Institute, organização internacional que desenvolve pesquisas e certificações sobre as melhores práticas das empresas e publica, com ÉPOCA, o guia As 100 Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil. Nós sempre podemos escolher onde colocar nossas energias. Por que seguir se vendendo em troca de estabilidade e segurança em empresas antiquadas? Afinal, gastar a vida nos zôos humanos pode trazer infelicidade e até fazer adoecer. Não procure emprego. Procure perspectivas. Se a organização em que você trabalha não oferece oportunidades de crescimento, peça demissão e fuja da jaula.

POR RICARDO NEVESRICARDO NEVES é consultor de empresas e escreve quinzenalmente em ÉPOCA. É autor do livro Novo Mundo Digital, volume I da trilogia Renascença Digital. - www.ricardoneves.com.br - rrneves@edglobo.com.br

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