Qual a sua definição de liderança? (Pat Campbell, Belfast, Irlanda do Norte)
Esse é o tipo de pergunta que se deve fazer sempre - e hoje mais do que nunca. As pessoas em todo o mundo estão confusas, assustadas e revoltadas.
Muitas se sentem dolorosamente traídas pelos erros das instituições e de indivíduos em quem confiavam para protegê-las, guiar suas vidas e seu ganha-pão.
Elas estão se perguntando - assim como você, ao que parece - que tipo de liderança é necessária para nos tirar da confusão em que nos encontramos, em termos não só de governo como também de empresas.
Vivemos dias sem precedentes e esse é um fardo que os líderes também têm de suportar. Assim como nós, a maior parte deles não previu o colapso que se avizinhava e tampouco foi capaz de antecipar sua magnitude.
Poucos têm ideia de quando tudo isso acabará. Na verdade, tudo o que muitos deles sabem com certeza neste momento é que a confiança na autoridade está em baixa por toda parte e a margem de manobra para os erros de gestão evaporou.
Portanto, o que é liderança em tais circunstâncias? Liderança é o que sempre foi, só que agora os líderes estão a pleno vapor.
Eles têm de transpirar energia positiva, definir a visão da empresa, montar equipes competentes, premiar, decidir, inovar, executar.
Certas coisas não mudam nunca. Contudo, se você estiver à frente de uma equipe, divisão ou empresa neste momento, há um aspecto característico da liderança que você não pode e não deve negligenciar, apesar de toda a loucura e de toda a confusão hoje predominantes: inventar o futuro de sua empresa.
Em tempos normais, o principal desafio da liderança consiste em equilibrar as necessidades de curto e de longo prazo. Todo mundo sabe disso.
É papel do líder administrar pessoas, gerir vendas e custos para cumprir os compromissos financeiros imediatos e, ao mesmo tempo, investir em projetos futuros capazes de identificar as tendências do mercado e garantir o funcionamento da empresa lá na frente.
O paradoxo essencial da liderança exige que os executivos comam e sonhem ao mesmo tempo. Hoje, porém, quase todos os executivos estão obcecados pelo curto prazo. É compreensível.
Eles estão reduzindo pessoal, cortando custos e espremendo ao máximo a produtividade. A preocupação com os detalhes atualmente é maior do que nunca.
As pessoas estão sendo pressionadas para que encontrem aquela ferramenta diferente que vai salvar a empresa. Eles pedem a seu pessoal que redobre os esforços.
"Trabalhem mais depressa, se esforcem mais, sejam mais inteligentes", eles estão dizendo, "ou então pode ser que nenhum de nós esteja aqui amanhã." Mas é aí que surge o problema: muitos líderes não se preocupam em definir e criar esse amanhã.
Por quê? Isso se deve, em parte, à própria natureza humana. Quando você está se afogando, não pensa no que vai colocar na cesta do piquenique que pretende fazer no próximo dia que der sol. Você pensa simplesmente: "Bata os braços, bata os braços..."
Outro aspecto tem a ver com a recusa pura e simples em enfrentar o problema. O líder sente na pele como seu pessoal vai reagir a qualquer menção de planejamento de longo prazo.
"Como é que você pode gastar dinheiro com projetos mirabolantes se acabou de mandar embora Fulano e Sicrano?" Não há dúvida de que eles vão cobrar explicações.
Em tempos de cortes drásticos, gastar dinheiro com qualquer coisa pode desencadear muito som e fúria. Mas não deixe que esse barulho todo o desanime.
Tente romper essa resistência natural e fazer contato com as pessoas.
Elas precisam ouvi-lo, de verdade, quando você falar sobre suas ideias e seus projetos futuros. Para vencer o medo, o cinismo e a mágoa reinantes na empresa, o futuro que você descreverá terá de ser empolgante, promissor e factível. Basta ajudar as pessoas a compreender.
Se todos se comprometerem e acreditarem em sua ideia, a empresa será diferente um dia - e melhor. Não estamos dizendo que o líder deva hoje tentar equilibrar as necessidades de curto e de longo prazo numa proporção de igual para igual.
Nesse cenário, isso é o mesmo que ordenar destruição total.
Mas, se você for o tipo de líder que está investindo 100% de sua energia nos desafios de agora, poderá sem dúvida alterar aquela proporção para algo em torno de 75% ou 80%, dedicando o resto de seu tempo a imaginar como pode ser o futuro de sua empresa, catalisando a atenção de seu pessoal para criá-lo junto com você.
Sabemos, é claro, que as condições atuais são terríveis e compreendemos perfeitamente por que os líderes preferem trabalhar no modo de sobrevivência de curto prazo.
No entanto, quando chegar a hora da virada, daqui a um, dois ou três anos, o cenário de negócios será novo e diferente.
Haverá menos concorrência e, talvez, mais oportunidades, mas só para aquelas empresas que estiverem preparadas e prontas para ele.
Portanto, lembre-se: inventar o futuro é um aspecto crucial da liderança. Os verdadeiros líderes de 2009 vão aparecer quando esse futuro chegar.
Por Jack Welch
Fonte: Revista EXAME
O blog Negócios & Network foi criado para informar empreendedores sobre negócios, network e oportunidades de empreender de uma forma bem generalizada, bem como as demais competências necessárias para se desenvolver um negócio de sucesso finanças, relacionamento interpessoal, vendas, educação financeira, liderança e network.
terça-feira, 26 de maio de 2009
domingo, 24 de maio de 2009
Foco
Conheço pessoas que passam o tempo todo correndo, entre um telefonema e outro redigem uma correspondência, respondem e-mails, atendem outro telefonema, despacham serviço bancário e ainda querem ser produtivas.
É comum confundir uma mesa cheia de papéis e uma pessoa no meio de vários telefonemas, não muito acessível, com uma pessoa produtiva.
A verdade não é essa, pois mesmo tendo a necessidade de sermos profissionais polivalentes nada indica que temos que ter multitarefas, realizando várias coisas ao mesmo tempo.
Além da organização e administração do que é importante e urgente, o foco é uma habilidade, que como qualquer outra habilidade, pode ser aprendida e melhorada.
Não adianta se dedicar a dois empreendimentos ou duas tarefas que exigem relativamente mais de você (de seu tempo, sua energia), e esperar desenvolver ambos muito bem.
Você pode até atingir um resultado satisfatório, porém o foco lhe permite ultrapassar o "trabalho bom" e atingir um nível extra de excelência.
Foco é o ponto de convergência, é o centro, é a forma como você dedica todos seus recursos na solução de um problema ou no desenvolvimento de determinado trabalho. Para ilustrar isso vou contar uma pequena história que aconteceu comigo há alguns anos atrás.
Certa vez fui convidado para uma reunião de negócios que aconteceria em um determinado hotel da cidade. Como trabalho na área da internet na hora subentendi do que se tratava.
Como estava livre no dia e horário resolvi participar para, no mínimo, aumentar minha rede de contatos e ciclo de relacionamento.
Após a tradicional apresentação, meu amigo que havia me convidado disse que estava trabalhando com essa empresa, estava fazendo vendas diretas e ganhando algum dinheiro.
Ofereceu-me também a oportunidade de trabalhar nisso com ele. Como não me interessei, acreditei que ele tinha desistido. Porém ele simplesmente me apresentou UM SEGUNDO NEGÓCIO, uma SEGUNDA OPORTUNIDADE que também seria excelente.
Oras além de ele perder automaticamente sua credibilidade, com toda certeza não é possível desempenhar bem seu papel em dois negócios semelhantes e concorrentes!
É aí que voltamos para a questão do foco!
Concentre seus esforços e desenvolva seu trabalho da melhor maneira possível, mas faça uma coisa de cada vez, e faça-as muito bem! Não se deixe levar pelo caráter de urgência.
Não é possível fazer várias coisas ao mesmo tempo!
Pelo menos fazer bem não é! Seu talento, capacidade, inteligência e criatividade convergindo-se em uma tarefa é sem dúvida a melhor maneira de se atingir produtividade!
Autor (Desconhecido)
Samuel Ribeiro
Consultor Independente
É comum confundir uma mesa cheia de papéis e uma pessoa no meio de vários telefonemas, não muito acessível, com uma pessoa produtiva.
A verdade não é essa, pois mesmo tendo a necessidade de sermos profissionais polivalentes nada indica que temos que ter multitarefas, realizando várias coisas ao mesmo tempo.
Além da organização e administração do que é importante e urgente, o foco é uma habilidade, que como qualquer outra habilidade, pode ser aprendida e melhorada.
Não adianta se dedicar a dois empreendimentos ou duas tarefas que exigem relativamente mais de você (de seu tempo, sua energia), e esperar desenvolver ambos muito bem.
Você pode até atingir um resultado satisfatório, porém o foco lhe permite ultrapassar o "trabalho bom" e atingir um nível extra de excelência.
Foco é o ponto de convergência, é o centro, é a forma como você dedica todos seus recursos na solução de um problema ou no desenvolvimento de determinado trabalho. Para ilustrar isso vou contar uma pequena história que aconteceu comigo há alguns anos atrás.
Certa vez fui convidado para uma reunião de negócios que aconteceria em um determinado hotel da cidade. Como trabalho na área da internet na hora subentendi do que se tratava.
Como estava livre no dia e horário resolvi participar para, no mínimo, aumentar minha rede de contatos e ciclo de relacionamento.
Após a tradicional apresentação, meu amigo que havia me convidado disse que estava trabalhando com essa empresa, estava fazendo vendas diretas e ganhando algum dinheiro.
Ofereceu-me também a oportunidade de trabalhar nisso com ele. Como não me interessei, acreditei que ele tinha desistido. Porém ele simplesmente me apresentou UM SEGUNDO NEGÓCIO, uma SEGUNDA OPORTUNIDADE que também seria excelente.
Oras além de ele perder automaticamente sua credibilidade, com toda certeza não é possível desempenhar bem seu papel em dois negócios semelhantes e concorrentes!
É aí que voltamos para a questão do foco!
Concentre seus esforços e desenvolva seu trabalho da melhor maneira possível, mas faça uma coisa de cada vez, e faça-as muito bem! Não se deixe levar pelo caráter de urgência.
Não é possível fazer várias coisas ao mesmo tempo!
Pelo menos fazer bem não é! Seu talento, capacidade, inteligência e criatividade convergindo-se em uma tarefa é sem dúvida a melhor maneira de se atingir produtividade!
Autor (Desconhecido)
Samuel Ribeiro
Consultor Independente
sexta-feira, 1 de maio de 2009
É Hora de Empreender
Este é um bom momento para abrir um negócio? (Anand Deb, Vancouver, Canadá)
Por Jack Welch
O quê? Será que lemos direito? Se for isso mesmo, obrigado.
Em meio à avalanche de e-mails que temos recebido ultimamente de gente se sentindo em pânico, irada e/ou deprimida por causa da economia e do que ela tem feito à sua carreira, sua pergunta tão objetiva foi uma agradável surpresa.
Foi também uma ótima oportunidade para que nos déssemos conta de que, sem dúvida, este seria um momento excelente para abrir um negócio.
Na verdade, há pelo menos quatro razões muito fortes para isso, mas só se o negócio que você está pensando em abrir for aprovado no teste mais importante de todos: o de vender mais por menos.
Não estamos falando aqui de vender apenas um pouco mais por um pouco só a menos.
Em tempos de recessão, nenhuma empresa nova terá grandes chances de sucesso, a não ser que trabalhe com uma proposição de valor nitidamente superior às disponíveis no mercado.
É verdade que até pouco tempo atrás era possível pegar um produto ou serviço do concorrente, modificá-lo ligeiramente ou introduzir um ou dois recursos novos e convencer os clientes a pagar mais por ele.
Mas hoje todo mundo está na defensiva e os dias de vendas com margens gordas se foram - e é provável que a situação persista por um bom tempo.
Portanto, se você é um empreendedor cujo produto ou serviço irá melhorar de fato a vida das pessoas - a um custo significativamente mais baixo do que o da concorrência -, saiba por que talvez este seja o momento certo de levar sua ideia adiante.
Em primeiro lugar, se há uma coisa de que toda empresa nova precisa para ir à luta é de gente esperta, disposta a ganhar. E há um público aí hoje, como há muito tempo não se via, à espera de alguém que se disponha a conquistá-lo.
É claro que toda demissão é um baque terrível e há milhões de histórias pessoais dolorosas por trás das altas taxas de desemprego no país.
Mas o fato é que novas empresas nascem ou morrem dependendo da rapidez com que conseguem formar equipes brilhantes, flexíveis e com muita garra.
O clima atual facilita o processo, já que a escassez de trabalho é de tal ordem que não faltam profissionais experientes e mbas recém-chegados ao mercado em busca de emprego.
Em segundo lugar, e em estreita correlação com o que acabamos de expor acima, aparece um elemento mais efêmero: uma urgência generalizada e uma dose de humildade que hoje caracteriza as pessoas.
A implosão da economia baixou a bola de todo mundo.
Os antigos Mestres do Universo" descobriram que são seres mortais, e quem achava que tudo girava em torno de si mesmo se deu conta de que o fracasso de suas empresas é também o seu fracasso.
Portanto, o clima atual não só facilitou a contratação de bons profissionais como também promoveu entre os empregados uma nova compreensão acerca da importância do trabalho em equipe e da produtividade sem tréguas.
Essa "vibração", na falta de uma palavra melhor, é a esperança de todo executivo e o sonho de todo empreendedor.
Em terceiro lugar aparece o dinheiro - sob uma ótica positiva. Apesar das notícias que todos temos acompanhado sobre o recuo do mercado de crédito, não faltam linhas de financiamento para novas empresas, sobretudo para aquelas que conseguem oferecer mais por menos.
É óbvio que não estamos dizendo aqui que o empreendedor de hoje deva esperar aquele mundo de contos de fadas de antes, em que o dinheiro parecia crescer em árvores.
Contudo, há muitos bancos regionais dispostos a emprestar, e as empresas de capital de risco estão sempre prontas a investir em ideias revolucionárias - afinal de contas, as novas empresas são a alma do seu negócio.
Por fim, abrir um negócio hoje vai deixá-lo em ótima situação no momento em que a recuperação econômica se consolidar.
Pense no seguinte: se você abrir um negócio agora, sua empresa contará com profissionais inteligentes e cheios de energia que aprenderam a trabalhar juntos para manter os custos baixos e o índice de inovação elevado.
Sua empresa não terá de lidar com um sistema de custos oneroso, não sofrerá com as cicatrizes deixadas pelas demissões e com o baixo moral que as acompanha.
Em outras palavras, você estará em condições de pegar a primeira onda da reviravolta econômica. Isso não é ótimo?
Mais uma vez, obrigado por sua pergunta. Neste momento o mundo precisa que milhares de empreendedores façam a mesma pergunta que você fez. Nossa esperança é que eles descubram que não há cenário melhor que o atual para começar de novo.
Fonte: Revista EXAME 16/04/2009
Por Jack Welch
O quê? Será que lemos direito? Se for isso mesmo, obrigado.
Em meio à avalanche de e-mails que temos recebido ultimamente de gente se sentindo em pânico, irada e/ou deprimida por causa da economia e do que ela tem feito à sua carreira, sua pergunta tão objetiva foi uma agradável surpresa.
Foi também uma ótima oportunidade para que nos déssemos conta de que, sem dúvida, este seria um momento excelente para abrir um negócio.
Na verdade, há pelo menos quatro razões muito fortes para isso, mas só se o negócio que você está pensando em abrir for aprovado no teste mais importante de todos: o de vender mais por menos.
Não estamos falando aqui de vender apenas um pouco mais por um pouco só a menos.
Em tempos de recessão, nenhuma empresa nova terá grandes chances de sucesso, a não ser que trabalhe com uma proposição de valor nitidamente superior às disponíveis no mercado.
É verdade que até pouco tempo atrás era possível pegar um produto ou serviço do concorrente, modificá-lo ligeiramente ou introduzir um ou dois recursos novos e convencer os clientes a pagar mais por ele.
Mas hoje todo mundo está na defensiva e os dias de vendas com margens gordas se foram - e é provável que a situação persista por um bom tempo.
Portanto, se você é um empreendedor cujo produto ou serviço irá melhorar de fato a vida das pessoas - a um custo significativamente mais baixo do que o da concorrência -, saiba por que talvez este seja o momento certo de levar sua ideia adiante.
Em primeiro lugar, se há uma coisa de que toda empresa nova precisa para ir à luta é de gente esperta, disposta a ganhar. E há um público aí hoje, como há muito tempo não se via, à espera de alguém que se disponha a conquistá-lo.
É claro que toda demissão é um baque terrível e há milhões de histórias pessoais dolorosas por trás das altas taxas de desemprego no país.
Mas o fato é que novas empresas nascem ou morrem dependendo da rapidez com que conseguem formar equipes brilhantes, flexíveis e com muita garra.
O clima atual facilita o processo, já que a escassez de trabalho é de tal ordem que não faltam profissionais experientes e mbas recém-chegados ao mercado em busca de emprego.
Em segundo lugar, e em estreita correlação com o que acabamos de expor acima, aparece um elemento mais efêmero: uma urgência generalizada e uma dose de humildade que hoje caracteriza as pessoas.
A implosão da economia baixou a bola de todo mundo.
Os antigos Mestres do Universo" descobriram que são seres mortais, e quem achava que tudo girava em torno de si mesmo se deu conta de que o fracasso de suas empresas é também o seu fracasso.
Portanto, o clima atual não só facilitou a contratação de bons profissionais como também promoveu entre os empregados uma nova compreensão acerca da importância do trabalho em equipe e da produtividade sem tréguas.
Essa "vibração", na falta de uma palavra melhor, é a esperança de todo executivo e o sonho de todo empreendedor.
Em terceiro lugar aparece o dinheiro - sob uma ótica positiva. Apesar das notícias que todos temos acompanhado sobre o recuo do mercado de crédito, não faltam linhas de financiamento para novas empresas, sobretudo para aquelas que conseguem oferecer mais por menos.
É óbvio que não estamos dizendo aqui que o empreendedor de hoje deva esperar aquele mundo de contos de fadas de antes, em que o dinheiro parecia crescer em árvores.
Contudo, há muitos bancos regionais dispostos a emprestar, e as empresas de capital de risco estão sempre prontas a investir em ideias revolucionárias - afinal de contas, as novas empresas são a alma do seu negócio.
Por fim, abrir um negócio hoje vai deixá-lo em ótima situação no momento em que a recuperação econômica se consolidar.
Pense no seguinte: se você abrir um negócio agora, sua empresa contará com profissionais inteligentes e cheios de energia que aprenderam a trabalhar juntos para manter os custos baixos e o índice de inovação elevado.
Sua empresa não terá de lidar com um sistema de custos oneroso, não sofrerá com as cicatrizes deixadas pelas demissões e com o baixo moral que as acompanha.
Em outras palavras, você estará em condições de pegar a primeira onda da reviravolta econômica. Isso não é ótimo?
Mais uma vez, obrigado por sua pergunta. Neste momento o mundo precisa que milhares de empreendedores façam a mesma pergunta que você fez. Nossa esperança é que eles descubram que não há cenário melhor que o atual para começar de novo.
Fonte: Revista EXAME 16/04/2009
Espere Chover e Vá de Moto
Por Sidney Santos
Recentemente, li num livro que um palhaço de circo se revela já por volta dos 3 anos de idade.
A criança, devidamente maquiada e trajada, é praticamente atirada ao picadeiro. Caso não volte chorando, está pronta: é um verdadeiro palhaço circense. Se chorar, é porque não tem jeito para a profissão.
Foi bem assim comigo. Meu pai pintou a minha cara, me vestiu e me empurrou para o picadeiro. Virei o palhaço Leiteninho - escrito assim mesmo, tudo junto. O nome era porque eu era pequeno e também porque adorava esse leite, que comia de colher, direto do pote.
Meu pai fez tudo certo - mas se esqueceu de me falar sobre a opção de chorar para não ter de encarar aquela responsabilidade.
"Vá, filho", disse-me ele. "A partir de agora você é um palhaço, um excelente palhaço. Vá e mostre a todos." E eu, não sabendo que podia desistir, vivi uma grande fase da minha vida, em que até os 13 anos fui uma das estrelas do circo Sul América.
Passado algum tempo, após diversas experiências profissionais, trabalhava, aos 16 anos, como representante de vendas em uma indústria de acessórios para motocicletas chamada Circuit, em São Paulo. Para visitar inúmeros clientes, usava minha linda moto (sem ter habilitação).
Vinte anos atrás, chovia muito na cidade, e foi naquele "belo dia" de chuva que me preparei para visitar um cliente que se localizava a uns 60 quilômetros de distância de onde eu morava.
Acordei cedo, tomei um banho e vesti minha melhor roupa. Coloquei meu macacão de chuva, minhas polainas, minha balaclava, meu capacete, meus óculos e minhas luvas, ensaquei meu mostruário para não molhar, prendi no bagageiro da minha moto CG 125 e me dirigi para o cliente debaixo daquela tremenda tempestade.
Após mais de 1 hora de trânsito intenso, cheguei ao cliente, uma imponente concessionária Honda. Estacionei, retirei o capacete, os óculos, as luvas, a balaclava, o macacão, as polainas. Arrumei meus cabelos (na época eram fartos), limpei o rosto, desensaquei o mostruário. Cansou só de ler? Imagine eu de fazer.
Peguei minha pasta de vendas, me dirigi à simpática garota no balcão de atendimento e disse: "Bom dia, Cláudia, lembra-se de mim? Sou o Sidney, vim te visitar e gostaria de saber se está precisando de algo hoje". Ela, tranquilamente, respondeu: "Hoje não, Sidney. Não quero nada mesmo, obrigada".
Como assim, não quer nada? Justo hoje? Sabe, gente, não tinha Cristo que me fizesse voltar, vestir toda aquela parafernália novamente e ir embora sem ter vendido alguma coisa.
Eu conversei sobre outros assuntos, fui abrindo o mostruário, apresentei as novidades e finalmente vendi.
Eu não tinha opção. Ou, como aconteceu quando estreei no circo, ninguém me falou que eu tinha.
Hoje agradeço a meu pai por isso. O que fazia a minha viagem valer a pena era justamente a dificuldade de ir e voltar - e não a facilidade que normalmente os vendedores buscam.
Alguns (claro que não você, que está lendo este texto), só porque deram um telefonema dizendo "vou passar perto da sua empresa amanhã, pode me receber?", já acham que fizeram um esforço fora do comum.
Nesses casos, quando escutam um "hoje não, obrigado", eles relaxam. Afinal, o esforço talvez não tenha sido tão grande assim.
Logo, o que vos conto é o que aprendi: caso um dia tenha um cliente difícil, daqueles que não lhe dão atenção, ao qual você nem consegue expor seus produtos ou ideias, espere chover e vá de moto.
Sidney Santos é palhaço de circo, vendedor, empreendedor, escritor e palestrante - não necessariamente nessa ordem
Fonte: Revista EXAME 24/04/2009
Recentemente, li num livro que um palhaço de circo se revela já por volta dos 3 anos de idade.
A criança, devidamente maquiada e trajada, é praticamente atirada ao picadeiro. Caso não volte chorando, está pronta: é um verdadeiro palhaço circense. Se chorar, é porque não tem jeito para a profissão.
Foi bem assim comigo. Meu pai pintou a minha cara, me vestiu e me empurrou para o picadeiro. Virei o palhaço Leiteninho - escrito assim mesmo, tudo junto. O nome era porque eu era pequeno e também porque adorava esse leite, que comia de colher, direto do pote.
Meu pai fez tudo certo - mas se esqueceu de me falar sobre a opção de chorar para não ter de encarar aquela responsabilidade.
"Vá, filho", disse-me ele. "A partir de agora você é um palhaço, um excelente palhaço. Vá e mostre a todos." E eu, não sabendo que podia desistir, vivi uma grande fase da minha vida, em que até os 13 anos fui uma das estrelas do circo Sul América.
Passado algum tempo, após diversas experiências profissionais, trabalhava, aos 16 anos, como representante de vendas em uma indústria de acessórios para motocicletas chamada Circuit, em São Paulo. Para visitar inúmeros clientes, usava minha linda moto (sem ter habilitação).
Vinte anos atrás, chovia muito na cidade, e foi naquele "belo dia" de chuva que me preparei para visitar um cliente que se localizava a uns 60 quilômetros de distância de onde eu morava.
Acordei cedo, tomei um banho e vesti minha melhor roupa. Coloquei meu macacão de chuva, minhas polainas, minha balaclava, meu capacete, meus óculos e minhas luvas, ensaquei meu mostruário para não molhar, prendi no bagageiro da minha moto CG 125 e me dirigi para o cliente debaixo daquela tremenda tempestade.
Após mais de 1 hora de trânsito intenso, cheguei ao cliente, uma imponente concessionária Honda. Estacionei, retirei o capacete, os óculos, as luvas, a balaclava, o macacão, as polainas. Arrumei meus cabelos (na época eram fartos), limpei o rosto, desensaquei o mostruário. Cansou só de ler? Imagine eu de fazer.
Peguei minha pasta de vendas, me dirigi à simpática garota no balcão de atendimento e disse: "Bom dia, Cláudia, lembra-se de mim? Sou o Sidney, vim te visitar e gostaria de saber se está precisando de algo hoje". Ela, tranquilamente, respondeu: "Hoje não, Sidney. Não quero nada mesmo, obrigada".
Como assim, não quer nada? Justo hoje? Sabe, gente, não tinha Cristo que me fizesse voltar, vestir toda aquela parafernália novamente e ir embora sem ter vendido alguma coisa.
Eu conversei sobre outros assuntos, fui abrindo o mostruário, apresentei as novidades e finalmente vendi.
Eu não tinha opção. Ou, como aconteceu quando estreei no circo, ninguém me falou que eu tinha.
Hoje agradeço a meu pai por isso. O que fazia a minha viagem valer a pena era justamente a dificuldade de ir e voltar - e não a facilidade que normalmente os vendedores buscam.
Alguns (claro que não você, que está lendo este texto), só porque deram um telefonema dizendo "vou passar perto da sua empresa amanhã, pode me receber?", já acham que fizeram um esforço fora do comum.
Nesses casos, quando escutam um "hoje não, obrigado", eles relaxam. Afinal, o esforço talvez não tenha sido tão grande assim.
Logo, o que vos conto é o que aprendi: caso um dia tenha um cliente difícil, daqueles que não lhe dão atenção, ao qual você nem consegue expor seus produtos ou ideias, espere chover e vá de moto.
Sidney Santos é palhaço de circo, vendedor, empreendedor, escritor e palestrante - não necessariamente nessa ordem
Fonte: Revista EXAME 24/04/2009
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