terça-feira, 20 de julho de 2010

Como Ter Dinheiro Até O Fim Da Vida

Guru americano diz que as pessoas são tão aptas a poupar para a aposentadoria quanto para pilotar um avião e ensina o caminho da longevidade tranquila

São Paulo - William Bernstein é um dos maiores gurus de investimentos pessoais dos Estados Unidos. Já publicou diversos livros de bastante sucesso entre investidores que planejam gerenciar seus próprios portfólios ao invés de entregar a tomada de decisão a um gestor profissional. Defensor da teoria do portfólio moderno, ele não acredita que os gestores com melhor reputação no mercado são capazes de prever quais investimentos terão rentabilidade acima da média.

Em entrevista à revista Bloomberg Businessweek, Bernstein falou sobre o jeito de certo de poupar para a aposentadoria e alertou que as pessoas físicas que decidem investir na bolsa tampouco são capazes de encontrar as ações subvalorizadas. "Eu acredito que a maioria das pessoas é tão capaz de gerir um portfólio para a aposentadoria quanto para pilotar um avião", disse ele.

Bernstein aconselha a quem quer investir em renda variável que compre fundos de índices de ações, como os ETFs. No Brasil, o mais negociado é o BOVA11, da BlackRock. Esse fundo com quotas negociadas na BM&FBovespa via home broker praticamente segue o comportamento do Ibovespa. A vantagem sobre qualquer outro fundo são as taxas bem mais baixas que a média do mercado para aplicações em ações ( clique aqui e saiba como investir em ETFs).

Caso o investidor não tenha nem queira abrir uma conta em alguma corretora, a melhor opção seria investir em fundos passivos de ações - aqueles que seguem algum índice. No Brasil, o produto mais comum é de fundos que seguem o Ibovespa ou o IBR-X. Em ambos os casos, o gestor do fundo simplesmente usa o dinheiro dos quotistas para replicar a carteira de ações inclusa nesses índices.

A grande vantagem dos fundos passivos são as taxas menores. Bernstein avalia que, no longo prazo, o investidor também não tem muito a perder ao abrir mão da possibilidade de bater a média do mercado oferecida por um fundo ativo, em que o gestor compra apenas as ações que acredita que terão boa valorização. "Performance vai e vem. Mas as despesas com o investimento são para sempre."

Outra dica do guru para os investidores é não acreditar que pode tolerar muito risco na bolsa. O sucesso de um investidor no longo prazo, segundo ele, depende menos do que ele faz quando os mercados passam por dias ordinários e mais das decisões tomadas em tempos de turbulência.

A melhor opção seria permanecer com uma pequena fatia de seu dinheiro investido em ações. Esse percentual só deve ser elevado em momentos de sangue no mercado, quando haverá ações de empresas sólidas a preços bem interessantes. "Tudo que alguém precisa é de uma mistura de fundos de ações e títulos de dívida de boa qualidade, tendo o cuidado de escolher aplicações que cobrem taxas baixas."

Bernstein também criou uma técnica para a chegada do momento da aposentadoria que se baseia no princípio de queimar as reservas aos poucos. Se alguém aposentar-se aos 60 anos e gastar anualmente 2% do que acumulou, pode ficar tranqüilo que não faltará dinheiro até o final da vida. Se os gastos alcançarem 3%, provavelmente também estará a salvo. Caso o percentual chegue a 4%, há riscos reais de faltar dinheiro na velhice. E com 5%, a longevidade seguramente trará problemas. No caso de alguém que já tenha 70 anos, como a expectativa de vida extra será menor, é possível acrescentar de 1 a 1,5 ponto percentual a todos esses números.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Vai uma nota de 100 dólares aí?

Todo profissional espera ser reconhecido pelos resultados que alcança. Cabe ao líder incentivar o profissional a alcançar e a superar suas metas. Qual a forma adequada??

Recentemente, uma entrevista na revista Exame me chamou a atenção. Fiquei horrorizado com a maneira que o americano David Novak, presidente da rede Yum!, dona da Pizza Hut, usa para incentivar e motivar seus empregados. Chamado pela publicação de Silvio Santos do fast food, anda com o bolso cheio de dinheiro e a cada oportunidade dá uma nota de 100 dólares para premiar seu funcionário.

Isso, na verdade, é corrupção. É levar o funcionário humilde à situação de pedinte, que faz tudo para ganhar um trocadinho. Afinal, estamos diante de empregados, funcionários e colaboradores ou de feras domesticadas que se apresentam no circo, que se fizeram corretamente o que o domador ensinou, ganha um amendoim?

Não é isso que motiva um funcionário e sim o respeito, o reconhecimento ao seu trabalho, ao seu desempenho. O famoso agrado está lá no finalzinho da lista. Não seja um empregador que mais se parece com um domador de feras e, sim, um motivador.

Uma pesquisa feita pela Cia de Talentos no Brasil, na Argentina e no México revela que os principais motivos de escolha da empresa dos sonhos pela geração Y são: bom ambiente de trabalho, desenvolvimento e crescimento profissional. O fator remuneração só foi citado por apenas 5% dos 35 mil jovens entrevistados, com idade média de 24 anos.

Ou seja, mais do que um ótimo salário, as pessoas querem ser relevantes, reconhecidas. Salário é um prêmio ao seu esforço e dedicação, aos resultados alcançados. Para isso, o líder precisa entender que o caminho não é "comprar" o funcionário com migalhas. Que exemplo Novak pensa dar ao distribuir gorjetas entre os empregados, frangos de borracha, dentaduras de plástico e outras aberrações como essas de brinde?

A matéria da revista diz que o executivo tem uma obsessão por reconhecer o desempenho dos melhores funcionários. Será mesmo? Não consigo imaginar que o uso de métodos nada convencionais como esses sejam realmente eficazes. Todo mundo quer ganhar dinheiro, mas não é a principal meta. Quem dirá, então, trocados como recompensa ao seu bom trabalho.

Não é à toa que passada a crise, as pessoas estão ávidas por trocar de emprego. Um estudo do Hay Group, realizado com 120 mil pessoas, aponta que 59% dos profissionais buscam uma nova colocação. Esse cenário não é só resultado de salários congelados, mas também de promoções adiadas para evitar demissões durante a crise.

Se antes os funcionários eram gratos por terem seus empregos mantidos, diante do reaquecimento do mercado começam a mostrar o quanto tiveram de sucumbir. Prova disso é que repensam suas perspectivas de carreira, o que pode ser muito ruim para organizações que não conseguiram tomar as medidas necessárias para implementar programas eficazes de engajamento durante os tempos difíceis.

Agora, sejam sinceros: seu talento merece ser recompensado com notas de míseros 100 dólares?

Por Julio Sergio Cardozo é conferencista, consultor de empresas e professor livre-docente de controladoria & finanças. Leciona no Programa de Mestrado em Ciências Contábeis da UERJ  e em cursos de MBA como professor convidado em diversos programas no país. Contador e Administrador, obteve o título de livre-docência pela UERJ com a defesa da tese: “A Inadequação dos Pareceres de Auditoria”. Participou, como orientador, presidente ou membro, em mais 80 bancas examinadoras de dissertações de mestrado e teses de doutorado na UERJ, Fundação Getulio Vargas, IBMEC e Universidade de São Paulo – USP.